Navegando na rede da ética empresarial: lucro, código e programação em Luhmann

Lançamento

O livro Governança, compliance, gestão de riscos e proteção de dados, terá seu lançamento presencial em Brasília no dia 1 de dezembro, das 15h30min às 18h, na Flora Cafeteria, 302 SUL – B – ASA UL.

Obra coletiva que se propõe a analisar, de forma abrangente e aprofundada, os desafios e oportunidades que permeiam essas práticas, bem como os desafios decorrentes, tornando-as principais agendas das organizações no século XXI.

O capítulo 7[1] é de minha autoria.
 

Resumo do capítulo 7: Navegando na rede da ética empresarial: lucro, código e programação em Luhmann

O objetivo do artigo é refletir sobre a relevância da ética aplicada ao mundo dos negócios, haja vista seu estreito entrelaçamento com as dimensões da lucratividade, da longevidade e da confiabilidade de uma organização. Trata-se de um estudo bibliográfico construído a partir do arcabouço teórico proposto por Luhmann (1997, 1998, 2005, 2006, 2011, 2016, 2020).

A ética empresarial não apenas coexiste com a busca por lucratividade, mas a impulsiona, criando um ciclo virtuoso de sucesso sustentável. Quando bem aplicada, permite que se erga uma bandeira contra práticas moralmente questionáveis em nome do lucro.

Pesquisadores focados no estudo da ética empresarial sustentam que as organizações que incorporam valores éticos tendem a ter uma vida útil mais longa, valorizando a confiança e a responsabilidade social (Cortina; Navarro, 2001, p. 166).

Em linhas gerais, a ética é entendida como a parte da filosofia que se dedica à reflexão sobre a moral (Cortina; Navarro, 2001, p. 9), transformando-se em um tipo de conhecimento reflexivo, enquanto a moral é o objeto de seu conhecimento. A moral, de acordo com Cortina e Navarro (2001, p. 29), é um conjunto coerente de valores, princípios, normas e preceitos que servem como orientação para a vida das pessoas, individualmente ou em grupo.

Por sua vez, a busca pelo lucro é vital para as empresas. O conceito de lucro pode ser diferente dependendo das diversas abordagens. Para efeitos deste estudo, define-se o lucro como a diferença entre as receitas obtidas por uma empresa e os custos e despesas necessárias para a produção de produtos e/ou serviços. É o retorno financeiro positivo que uma empresa obtém de suas atividades, enquanto o retorno negativo é tratado como prejuízo.

Na era contemporânea, a ligação entre ganhos financeiros e moralidade é intrincada e diversificada. Aborda-se rapidamente a intersecção complexa entre ética, moral e lucro, sob a perspectiva da teoria dos sistemas de Niklas Luhmann, com ênfase nas categorias de código e programação. Uma reinterpretação do conceito luhmanniano de código atribui às empresas um código principal baseado no lucro/prejuízo, considerando-o amoral. Os programas que determinam as práticas empresariais, contudo, devem estar alinhados com uma moralidade cívica  para que os lucros sejam legitimados moralmente.

Para atender ao objetivo proposto, o artigo está organizado em cinco partes. Inicialmente apresenta as empresas como uma aquisição evolucionária importante para a sociedade. Na parte dois, apresenta os conceitos de código e programação em Luhmann, aplicados aos sistemas sociais. Na parte três, elucida a diferença entre complexidade e complexidade organizada sistêmica; o problema da gestão e controle, e as dificuldades das decisões sob um ponto de vista ético. Na parte quatro, a partir da visão luhmanniana, apresenta o lucro como componente de um código amoral. Na parte cinco, salienta a dificuldade do estabelecimento de um programa de ética universal pelas organizações. Por fim, são apontadas as considerações finais.

O livro pode ser adquirido em: https://www.editoramenteaberta.com.br/governanca-compliance-gestao-de-riscos-e-protecao-de-dados.